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Greve dos sem importância? - 1ª parte

Maiko Müller - 17/03/2015

Os caminhoneiros são talvez uma das classes trabalhadoras mais xingadas, depois, claro, dos juízes de futebol. Quem nunca se irritou andando atrás de um caminhão lento na estrada? Principalmente naqueles momentos quando estamos com pressa ou cansados, e quando queremos chegar logo ao destino. Esta combinação já fez muito homem calmo virar o bicho atrás do volante e resultar em muitas vítimas nas estradas brasileiras.
 
A greve dos caminhoneiros aguçou os sentidos de nossa sociedade para algo que antes não notávamos, ou não queríamos notar: somos extremamente dependentes uns dos outros.
 
O que seria de nós sem os caminhoneiros que levam Brasil afora toda a nossa comida e produtos em geral? O que seria dos caminhoneiros se não houvesse empresas e empresários que se arriscam, criam e desenvolvem todo o tipo de produtos?
 
O que seria dos empresários sem os seus operários, que trabalham arduamente para colocar suas ideias em prática? Mas o intrigante nesta história é que aqueles que são taxados como os “sem importância”, que ganham salários miseráveis pelos seus trabalhos, destes somos mais dependentes que imaginamos: caminhoneiros, lixeiros, catadores, colonos, professores dentre tantos outros. Mal sabem eles que se fossem unidos em alguma categoria eles teriam o mundo em suas mãos.
 
Imaginem o que pode acontecer se todas essas classes profissionais resolvessem fazer uma curta greve de apenas dois meses. Caos!
 
O pior de tudo é perceber a inversão de valores que impusemos em nossa sociedade. Aqueles que ajuntam o lixo, que trabalham no sol escaldante na lavoura, que transportam pesadas cargas nas estradas perigosas, estes não têm reconhecimento e recebem uma miséria por seu trabalho. Porém, jogadores de futebol, músicos e artistas de TV são tidos como pessoas mais importantes, que recebem toda a atenção do mundo e salários absurdos.
 
Não quero denegrir a imagem dos jogadores ou artistas. Eles são também trabalhadores dignos de seus salários. O que quero é fazer uma reflexão ao destacar o quanto somos dependentes uns dos outros e como somos injustos com aqueles que fazem os trabalhos mais básicos para o bom funcionamento de uma sociedade.
 
Temos a tendência de achar que somos independentes e que tudo o que precisamos é resultado de nossas próprias mãos. Mas não nos damos conta que o trabalho de outras pessoas que nem mesmo conhecemos influenciam diretamente a nossa vida diária.
 
Quero propor com este artigo que voltemos a prestar atenção em um velho conceito bíblico: a valorização do próximo. No novo testamento há muito mais versículos que nos desafiam a amar a outras pessoas do que a cumprir qualquer outro mandamento. E esse é realmente um exercício necessário, que deve ser levado a sério: valorizar cada pessoa sem distinções alguma, seja por seu emprego, conhecimento ou raça.
 
Quando descobrimos que todos nós temos a mesma importância neste mundo e para Deus, vamos começar a praticar de maneira mais eficaz a justiça segundo o que Jesus nos ensinou.
 
Quero agradecer aos caminhoneiros que de maneira pacífica fizeram seus protestos. Vocês mostraram para o Brasil o quanto cada um de nós é importante neste mundo. E para mim vale a lição: da próxima vez que eu estiver atrás de um caminhão lento na estrada, vou segurar minha irritação e agradecer a Deus por este caminhoneiro, que está trabalhando para que eu possa, no dia seguinte, comprar alimentos no conforto de um supermercado.
Maiko Müller

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