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A princesa que interrompeu nosso culto radiofônico - Parte 2

- 08/06/2010

25.05.10

Escrevo este artigo de Londres, trancado num hotel à espera da liberação do espaço aéreo, que foi fechado pela erupção do vulcão na Islândia. Mas a recordação do flash na rádio: “Notícia, notícia, notícia: Morreu a princesa Diana!” ainda permanece vivo em minha lembrança. Naquela manhã, quando da notícia da morte de Diana, nosso culto radiofônico foi interrompido bruscamente, e eu fiquei indignado, dizendo: “Não importa do que se trata. Ninguém pode cortar nosso culto para dar uma notícia!”. 

Mas, me acalmei imediatamente após ouvir as primeiras palavras da mensagem que continuou. O jornalista Lincoln Leduc (in memorian) disse: “Morreu a princesa Diana...” 

A mensagem gravada seguiu dizendo: “Aqui no mundo tudo o que vive precisa morrer. Todas as religiões irão desaparecer algum dia. Todas as confissões e os diferentes credos findarão. Só uma coisa permanecerá: o amor permanecerá” Franz Kehrle.

Diana, a princesa de Gales, casou-se com o príncipe Charles, teve dois filhos, divorciou-se do príncipe Charles e, segundo informações que tivemos em nossa recente passagem por Londres, ela estava grávida do namorado, Todi Al-fayed.

Na noite antes de sua morte, o casal de “namorados” foi jantar num restaurante, ao sair foram perseguidos pelos paparazzi e o motorista embriagado, em alta velocidade, bateu o carro no túnel do Rio Sena, em Paris, na França. 

Diana acabava de receber um anel de seu namorado no valor de US$ 205 mil.

O corte de nosso culto radiofônico, na verdade, foi um desentendimento entre meu amigo e o técnico da rádio. Lincoln jamais mandaria cortar um culto, mas “divinamente” dirigido, o técnico entendeu mal e cortou na hora da chamada do jornalista e colocou a notícia no ar. Lincoln se desculpou, mas eu lhe disse: “O corte de nosso culto foi um dos mais fortes exemplos da vida e da morte”.

Recordamos essa história dramática em Londres. Depois de visitar a Fonte Memorial de Diana, com águas cristalinas no Hyde Park, tudo reapareceu tão forte quanto foi no dia de sua morte. O campo da Fonte Memorial da Princesa Diana, com águas cristalinas correndo num pequeno riacho artificial, formado sobre cimento com pedras brancas, parece água num rio de prata.

A Fonte Memorial é uma homenagem à princesa Diana, que deve simbolizar a alma ingênua da jovem que o príncipe Charles trouxe para o palácio real. Ela conquistou o mundo com seu charme e carisma e boas obras que fez pelo mundo a fora.

Senti uma desclassificação da princesa por parte da família real ao entrar no hall do museu onde se encontram as figuras de cera. Diana está como uma menina do campo, como quem representa doméstica em vestes de trabalho na casa real. 

Não quero descobrir as causas fundamentais do divórcio do casal, nem as causas de sua morte. O que tocou fortemente meu coração, quando fizemos uma fotografia ao lado da famosa princesa, foi sentir a alma sofredora de uma jovem que não pôde se defender. 

A figura de cera de Diana projeta os sentimentos de desprezo. 

A rainha Elisabeth II e o príncipe também se encontram no museu de cera. Parecem estar pessoalmente ali presentes e transmitem aquele ar de grandeza. 

Algum dia se ouvirá: “Notícia, notícia, notícia. Morreu a rainha Elisabet II”. “Morreu o príncipe Filipe, Charles, Camila...”. 

Todos nós devemos morrer como Diana, talvez de outros modos, mas a pergunta que fica para todos será: será possível o mundo ver e sentir um pouco do amor que nós semeamos? 

As estátuas caem causando vergonha e espanto e se transformam em ruínas. “Só o amor permanecerá”. Assim concluiu a mensagem do culto radiofônico interrompido pela morte da princesa Diana.

É possível que nossa imagem será projetada como a mais insignificante, quando algum dia se dirá: “Nota de falecimento. Faleceu...”. 

Dificilmente algum jornalista dirá: “Notícia, notícia, notícia”. Isso não importa. Mas, deixaremos marcas de nosso amor e carinho, talvez na imagem que permanecerá em meio a todas as “celebridades” que nunca souberam o que pessoas humildes fizeram por eles com muito amor. Esse amor permanecerá.

Pr. Mário Hort

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